domingo, 31 de março de 2013

Policiais de SP são acusados de tomar dinheiro e drogas de quadrilhas



Segundo investigações, acusado de ser um dos principais fornecedores de drogas e armamento para facção criminosa que age em São Paulo poderia estar na cadeia, mas policiais civis exigiram propina para não prendê-lo.


Em São Paulo, investigadores que deveriam reprimir o tráfico são acusados de atuar como bandidos e tomar dinheiro das quadrilhas.
O homem acorrentado que aparece no vídeo faz um apelo em espanhol. Diz que os sequestradores exigem cerca de R$ 600 mil para libertá-lo e que os parentes estão desesperados: “Minha família chora muito”.
A polícia encontrou o vídeo no celular do boliviano Heber Escalante, preso 20 dias atrás em Cáceres, Mato Grosso, quando tentava entrar no Brasil pela Bolívia.
O telefone também armazenava fotos, que mostram muita droga e armas potentes.
Acusado de ser um dos principais fornecedores de drogas e armamento para uma facção criminosa que age em São Paulo, o boliviano Escalante tem um apelido no mundo do crime: Senhor das Armas.
Segundo as investigações, ele poderia estar na cadeia desde outubro de 2012. Mas policiais civis de São Paulo exigiram propina para não prendê-lo.
‘Foi um golpe’, diz a Polícia Federal. E o esquema dos policiais bandidos, segundo a PF, funcionava assim: Alexandre Lages é investigador do Denarc, o Departamento de Combate ao Narcotráfico, em São Paulo. Ele é acusado de fazer parte de uma quadrilha formada por policiais unidos a traficantes. As investigações mostram que Alexandre se passava por empresário interessado em comprar drogas. E que criminosos, geralmente da Bolívia ou Colômbia, vinham ao Brasil fechar o negócio.
Heber Escalante, o Senhor das Armas, ficou hospedado em uma casa no Guarujá, litoral de São Paulo, onde teria se comprometido a vender 700 quilos de cocaína para o grupo.
Segundo a Polícia Federal, assim que pegaram parte da droga, os policiais corruptos se identificaram. E, em vez de prender o boliviano em flagrante, pediram propina para deixá-lo sair livre. Por telefone, uma mulher que diz ser testemunha do achaque conta o valor do acerto: “Eles fizeram acerto, de R$ 2 milhões. Ele não é empresário. É a Denarc”, diz.
Em fevereiro, a Polícia Federal acompanhou de perto outro golpe. Segundo as investigações, Alexandre Lages fingiu, de novo, ser comprador de cocaína. A entrega seria no estacionamento de um shopping, na capital paulista.
Imagens mostram quando policiais abordam os ocupantes de um carro. Em seguida, todos vão embora.
Um dos policiais é Glauco Fernandes, que trabalhava na delegacia de investigação sobre entorpecentes de Sorocaba, interior paulista. O outro se chama Gustavo Gomes, do Denarc de São Paulo.
Segundo as investigações, havia 50 quilos de cocaína em um carro e 218 quilos em mais dois veículos: 83 em um e 135 em outro.
Por telefone, Gustavo e Alexandre mencionam esses números.
Alexandre: O carro está com 1-3-5.
Gustavo: Eu sei. Tem esses 8-3 mais os 50 que já estão aí.
Alexandre: Certo.
Mas no boletim de ocorrência consta que foram apreendidos apenas 30 tijolos de cocaína, cerca de 38 quilos. O resto, diz a Polícia Federal, foi dividido entre policiais e traficantes da quadrilha.
Três pessoas que foram contratadas para guardar e levar a droga até eles acabaram presas. Mas, segundo a Polícia Federal, o mesmo não aconteceu com os donos da cocaína.
As investigações mostram que a droga pertencia a dois traficantes brasileiros, que caíram no golpe dos policiais. Os dois criminosos, diz a Polícia Federal, não foram presos porque também pagaram propina. O valor: R$ 500 mil. Eles ainda estão foragidos.
De acordo com as investigações, parte da droga negociada com esses dois traficantes e que não foi apresentada na delegacia foi localizada dois dias depois.
Eram 133 quilos, que estavam a caminho de Sorocaba. Na época da apreensão, em fevereiro, foram presos em flagrante os policiais Alexandre Lages, Glauco Fernandes e Michael Ruiz, também do Denarc.
Na tentativa de esconder outras provas do crime, Alexandre ligou para a mulher: “Abre meu cofre. Tira tudo que tem dentro, bota em uma sacola. Não queria saber o que tem porque isso não te interessa”, avisou.
A mulher do investigador obedeceu. Mas no mesmo dia, a Polícia Federal fez buscas e encontrou dólares e 175 quilos de cocaína dentro de sacolas que estavam no carro do casal e em um depósito do apartamento deles.
 
“Eles não trabalhavam com coisa pequena. Média de 200, 300 quilos de cocaína em cada situação dessa. Não foram uma ou duas não, foram várias”, declara Roberto Boreli Zuzi, delegado-chefe da Polícia Federal - Sorocaba.
Quarta passada (20), mais quatro policiais do Denarc foram presos, acusados de participar do golpe: Gustavo Gomes, Edson Melin e Mariano Pino são investigadores. André Souza é o chefe deles. Os quatro alegam inocência.
O advogado destes quatro policiais contesta as escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal: “É fácil a gente falar se você pegar a parte editada da coisa. O Alexandre era um dos investigadores que trabalhava na delegacia. Qual o vínculo dele com os outros quatro? Eu não vejo. São coisas distintas”, diz Gilberto Vieira, advogado dos quatro policiais.
O Fantástico também procurou a defesa dos três policiais presos em fevereiro. Por telefone, o advogado de Alexandre Lages diz que o inquérito não foi concluído, que desconhece o teor completo da investigação e que, por isso, não vai se manifestar.
Já o de Glauco Fernandes afirmou que o policial é inocente e estava no exercício de suas funções, que é prender traficantes e apreender drogas.
O defensor de Michael Ruiz não foi localizado.
O advogado de Heber Escalante, o Senhor das Armas, disse que ele nega ser traficante e ter pago propina aos policiais. Alega ainda que o celular, com as fotos e o vídeo de um seqüestro, foi comprado de uma outra pessoa: “Existe uma espécie de mercado das pulgas, de compra e venda de usados. E ele não se deu conta que aquilo já existia no celular”, declara Hilton Tozetto.
“Ele realmente é um traficante, um vendedor de armas e aí é um outro ponto da investigação que vai ser levantado de agora em diante”, diz Roberto Boreli Zuzi, delegado-dhefe da Polícia Federal.
O vídeo já foi encaminhado à Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal. E quanto aos sete policiais acusados de corrupção: “Esse grupo, realmente, está fora do mercado”, garante Roberto Boreli Zuzi, delegado-chefe da Polícia Federal.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Após três anos de Lei que obriga o uso, ‘Big Brother’ da PM começa a funcionar: cem carros da corporação já testam câmeras que gravam a ação dos policiais 24 horas por dia


Beltrame mostra uma das câmeras

Rafael Soares - http://extra.globo.com

Já utilizada em larga escala por polícias de países europeus e dos Estados Unidos, a "espiadinha" também já chegou à PM do Rio. Desde janeiro, 100 viaturas dos batalhões de São Gonçalo e Niterói já circulam com câmeras, que registram ações policiais 24h por dia. Do batalhão, o comandante pode escolher entre assistir às operações ao vivo via 3G ou esperar o carro voltar à base e ver as imagens gravadas em alta definição.



O sistema, que vai chegar a todos os batalhões do estado e a 2 mil viaturas, custou R$ 18 milhões e é de última geração: grava em áudio e vídeo, mostra imagens noturnas e também registra a localização da viatura e a rota que traçou em um mapa. Todo o investimento tem uma justificativa: transparência.
— Não vai pairar dúvidas sobre o que acontece durante ações policiais — conta o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, que, da sua sala, vai ter acesso a câmeras de qualquer viatura.
Apesar de 61 viaturas do 7º BPM, em São Gonçalo, e 38 do 12º BPM, em Niterói, já circularem com os kits de duas câmeras, antena de transmissão e um gravador, o sistema ainda está em fase de testes antes de ser replicado para outros batalhões.
— Ainda estamos vendo qual a melhor solução técnica para a transmissão ao vivo: ela trava muito. Outro problema é o armazenamento, que é caro. Cada batalhão só armazena dois meses de gravações. Vamos expandir isso para criar um banco de dados — explica Edval Novaes, subsecretário de Modernização Tecnológica.

Lei cobra filmagens
O uso de câmeras nas viaturas já é previsto por lei desde dezembro de 2010. Na ocasião, deputados aprovaram o Projeto de Lei 1.625-A/08, de Gilberto Palmares (PT), que obriga a instalação de câmeras nas viaturas da PM. Em sua sustentação do projeto, que havia sido vetado pelo governador Sérgio Cabral, ele afirmou que a lei evitaria "abusos de poder" por parte de policiais.
Além de serem exigência legal, as filmagens também serão utilizadas pela PM de forma didática:
— Pretendo usar as gravações como forma de demonstrar como queremos que se faça polícia, como estudo de caso. Na próxima formatura de policiais, imagens vão ser mostradas como exemplo de abordagem — afirma o comandante do 7º BPM (São Gonçalo), tenente-coronel Luiz Eduardo dos Santos.
Os próximos batalhões a receber a novidade serão Mesquita, Rocha Miranda e Irajá. Eles foram definidos pelo comando da corporação pela quantidade de ocorrências registradas.

Duas câmeras
Cada viatura vai circular com duas câmeras: uma no teto, voltada para a frente do veículo, e outra no painel, que mostra a movimentação dos policiais dentro do carro.

Áudio e vídeo
As câmeras gravam áudio e vídeo. As gravações, em alta qualidade, são armazenadas em um gravador dentro do veículo e são descarregadas, via wi-fi, quando o carro entra no batalhão. Cada unidade tem equipamento para armazenar 16 teras de memória.

Ações ao vivo
Quando o comandante do batalhão desejar, há a possibilidade de as imagens serem transmitidas dos carros em tempo real, via 3G. Nesse caso, a resolução da imagem não é tão boa.

domingo, 10 de março de 2013

Operação prende traficantes e policiais corruptos no RJ


Uma operação contra o tráfico de crack no Morro da Providência ordenou nesta sexta-feira 72 mandados de prisão: 49 para traficantes do local, incluindo três menores de idade, e 23 para policiais do 5º Batalhão da Polícia Militar. Cada guarnição do 5º Batalhão recebia até R$ 200 diários para não coibir o tráfico de drogas nos bairros da Gamboa, Santo Cristo e Saúde, além da própria Providência, apontam as investigações.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro decretou a imediata prisão preventiva dos policiais, “sob risco de descrédito das instituições”.  
A Providência está pacificada desde abril de 2010, quando uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi instalada na comunidade. O Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, garantiu que os policiais da UPP não sabiam da investigação na favela, encaminhada primeiramente pela Delegacia de Proteção a Criança e Adolescentes (DPCA), devido ao tráfico de crack na região, e depois pela Secretaria de Inteligência do Estado, que descobriu o envolvimento de policiais militares no esquema.
“Qualquer manual de operação policial conta que o segredo é a alma do negócio. Então, eu acredito que os policiais não sabiam de nada do que estava acontecendo ali”, afirmou Beltrame, que foi enfático sobre a possibilidade de envolvimento de soldados da UPP no esquema criminoso. “Se a investigação mostrar que eles estavam envolvidos, serão punidos”, afirmou o secretário, visivelmente irritado com a pergunta.
Casarões do tráfico
Na operação, os policiais descobriram que os traficantes usavam “casarões do tráfico”, que funcionariam como “quartéis generais da droga”. Dois foram destacados: um na rua Sacadura Cabral e outro na rua Barão de São Félix, no centro do Rio.

“As portas eram reforçadas para dificultar a entrada da polícia aos locais, onde eram guardadas as armas e drogas. Daí vem o nome Operação Fortaleza. Era de lá que os vendedores, muitos menores de 18 anos, saíam para a venda”, explicou a delegada titular da DPCA, Bárbara Lomba.
Segundo ela, o lucro era considerável: cada uma das mais de 10 cargas vendidas por dia rendia aos traficantes cerca de R$ 1100.
Corrupção policial
As negociações entre os policiais e os traficantes da Providência ocorriam no Bar Flórida, na Praça Mauá, onde foi preso há cerca de dois meses o traficante Carlos Henrique de Araújo Martins, o “Careca”. Anderson Carlos Reis Martins era quem repassava as quantias destinadas ao pagamento de propinas diárias aos militares.

“Podemos dizer que os envolvidos nas denúncias foram vistos pelo menos três vezes cometendo este crime”, esclareceu Fábio Galvão, subsecretário de Inteligência do Estado.
Frederico Caldas, Relações Públicas da PM, relatou números alarmantes: 143 foram expulsos da corporação em 2011, e, em 2012, o número mais que dobrou: 347 deixaram a corporação. O número preocupa, mas ao mesmo tempo tranquiliza Beltrame. “Não comemoro, mas é um sinal de que algo está sendo feito”, disse o Secretário de Segurança.
Caldas explicou que os envolvidos serão submetidos ao Conselho de Disciplina da PM e, se for comprovada a culpa, expulsos da corporação. Ao ser perguntado sobre a hierarquia militar, que não permite que nada seja feito dentro de um batalhão sem a permissão de um oficial, ele disparou: 
“Duvido que haja uma corporação que trate a corrupção como nós estamos tratando. Não podemos permitir isso, e é claro que esse aumento mostra que não estamos tolerando desvios de conduta”.
Saldo da investigação
A investigação começou em maio de 2012, com foco no combate ao crack. “A Polícia Civil tem tido atenção especial com o comércio de crack na região portuária.  Nossas unidades móveis foram muito importantes nessa missão”, explicou a delegada Martha Rocha. A coordenadora do tráfico na região, Andréa Vieira de Oliveira,  conhecida como “Tia”, foi presa na manhã desta sexta, fora do Morro da Providência. 

Segundo Bárbara Lomba, delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente,  ela era a responsável pela emabalagem e venda do material. “Chegamos a ela através de pessoas que não se identificaram”, disse Barbara, que explicou ainda como ocorria o tráfico na região. “A venda de drogas não é ostensiva, assim como o uso de armas. Havia um esquema para saber como não cruzar com os soldados da UPP, por exemplo”, explicou Lomba, que falou ainda sobre a atuação de Evanilson Marques da Silva, o Dão, conhecido como o chefe do tráfico no Morro da Providência há muitos anos.
“Ela ainda se reportava a ele, costumava chamá-lo de “Patrão”. Ele ainda toma decisões na favela”, explicou ela sobre Dão, que está foragido atualmente.
Com Milena Teixeira, uma das embaladoras, foram apreendidos quase 2,5 kg de crack. O morro da Providência funcionava como um entreposto de venda de drogas, de onde era distribuída pelo centro da cidade. A droga vinha de outros morros pertencentes ao Comando Vermelho, que também comanda a região.
Os adolescentes eram usados para facilitar a soltura em caso de prisão. “É uma estratégia deles sim, isso está muito claro. E tem muitos outros menores também nessa situação. Só enquanto nós investigávamos, três completaram 18 anos”, lamentou a titular da DPCA. 
Fonte http://noticias.terra.com.br

quinta-feira, 7 de março de 2013

Quatro policiais são presos por cobrarem propina de apontadores do jogo do bicho



Rio -  Equipes do Núcleo de Operações de Inteligência da Corregedoria Interna da Polícia Militar identificaram quatro PMs do 3º BPM (Méier), sendo três sargentos e um cabo, cobrando propina de apontadores do jogo do bicho que atuam na esquina das RuasVerna Magalhães e Padre Roma, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio.

Segundo a PM, o grupo vinha sendo monitorado há um mês. A investigação faz parte de uma série de ações que a Corregedoria da corporação vem desenvolvendo através de informações de inteligência e com o apoio de imagens feitas pela própria unidade.

Os quatro policiais estão presos administrativamente e vão responder a Conselho de Disciplina, podendo ser excluídos da PM. Outros 15 PMs que estiveram no local foram identificados através do GPS das viaturas e também serão investigados.

Foto: Reprodução
PMs foram flagrados negociando com apostadores no Engenho Novo | Foto: Reprodução