sexta-feira, 26 de setembro de 2014

MP começa a investigar comandante geral da Polícia Militar do Rio

RIO - Um dia depois do Corregedor-Geral das Polícias do Rio se negar a abrir sindicância para investigar a evolução patrimonial do comandante geral da Polícia Militar, coronel José Luis Castro Menezes, o Ministério Público (MP-RJ) anunciou que instaurou por conta própria investigação criminal militar sobre o PM e outros dois coronéis da cúpula da corporação. Em depoimento ao MP-RJ na semana passada, um dos 24 policiais presos na "Operação Amigos S.A." afirmou ter ouvido de oficiais presos na ação que todos os batalhões do Rio eram obrigados a pagar R$ 15 mil ao Estado-Maior da PM.
Segundo o MP-RJ, além do comandante estão sendo investigados o chefe do Estado-Maior Operacional, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e o chefe do Estado-Maior Administrativo, coronel Ricardo Coutinho Pacheco. São os três cargos mais importantes na hierarquia da PM. 
O MP-RJ informou que também será analisado o envolvimento de outros PMs que tenham relação com o caso. A "Amigos S.A." desarticulou uma quadrilha que cobrava propina de comerciantes em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Dos 24 PMs, seis eram oficiais, entre eles o comandante do Comando de Operações Especiais (COE), coronel Alexandre Fontenelle.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, que foi parceiro da secretaria estadual de Segurança do Rio (Seseg) na operação, vai auxiliar na investigação dos três principais homens da PM. Ainda de acordo com o MP-RJ, a 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria de Justiça Militar decretou o sigilo dos autos e requisitará o inquérito policial militar que a Corregedoria informou ter instaurado.
Negativa. Nesta quarta-feira, o Corregedor-Geral das Polícias, desembargador Giuseppe Vitagliano, se negou a cumprir pedido do Ministério Público do Rio (MP-RJ) para que fosse aberta sindicância para investigar a evolução patrimonial do comandante. O corregedor afirmou que "não há, até o momento, elementos que fundamentem a instauração de Procedimento Administrativo Disciplinar e de Sindicância Patrimonial contra o Comando e o Estado Maior da PM".
Em nota, o corregedor das polícias afirmou que "o procedimento encaminhado à Controladoria Geral Unificada foi baseado em cópias de reportagens jornalísticas". Segundo a secretaria estadual de Segurança, o corregedor enviou ofício ao Juízo da Vara Criminal de Bangu solicitando cópia do depoimento do PM e também da denúncia, "para fazer uma avaliação mais completa".

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Operação contra quadrilha de PMs prende 22 no RJ

Ao todo 25 mandados de prisão foram expedidos. Entre os presos está o chefe do Comando de Operações Especiais (COE) - 3º na hierarquia da PM no Estado

O coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira no momento da prisão, nesta segunda
O coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira no momento da prisão, nesta segunda (Pablo Jacob/Agência o Globo)
Atualizado às 14h00
Vinte e dois policiais militares foram presos na manhã desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, em uma operação conjunta entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e Corregedoria-Geral da Polícia Militar. A operação tem por objetivo desarticular uma quadrilha formada por pelo menos 24 PMs do 14° Batalhão (Bangu). Entre os presos está o coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, chefe do Comando de Operações Especiais (COE) da PM, considerado o terceiro na hierarquia da corporação no Estado. A ação busca cumprir 25 mandados de prisão – 24 deles contra policiais militares, incluindo seis oficiais, além de 53 de busca e apreensão.
De acordo com o MP, a quadrilha era integrada por pelo menos 24 policiais militares. O bando exigia propina de comerciantes, mototaxistas, motoristas e cooperativas de vans, além de empresas transportadoras de cargas na Zona Oeste do Rio. Segundo as investigações, os policiais, mediante pagamento, ignoravam o combate ao transporte irregular de passageiros em vans ou kombis – até mesmo o feito por veículos roubados ou com chassi adulterado. A quadrilha também liberava a atuação de empresas de transporte de mercadorias em situação irregular, assim como a venda, no comércio varejista, de produtos piratas. Após o pagamento, os comerciantes em situação irregular recebiam uma espécie de autorização oficiosa para continuidade de suas atividades.
Os mandados foram obtidos a partir de denúncia encaminhada pelo Gaeco à 1ª Vara Criminal de Bangu. Entre os denunciados estão seis oficiais que eram lotados no 14° BPM (Bangu): o ex-comandante coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira e o ex-subcomandante major Carlos Alexandre de Jesus Lucas – ambos lotados atualmente no Comando de Operações Especiais –, os majores Nilton João dos Prazeres Neto (chefe da 3ª Seção) e Edson Alexandre Pinto de Góes (coordenador de Operações), além dos capitães Rodrigo Leitão da Silva (chefe da 1ª Seção) e Walter Colchone Netto (chefe do Serviço Reservado). Também são acusados de integrar a quadrilha 18 praças e um civil.
A operação desta segunda é um desdobramento da Operação Compadre, deflagrada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança do RJ em abril de 2013, quando 78 mandados de prisão foram expedidos, 53 deles contra policiais militares, para a desarticulação de uma quadrilha que realizava cobranças de propina de feirantes e comerciantes com mercadorias ilícitas, em Bangu.
Os acusados responderão na 1ª Vara Criminal de Bangu pelo crime de associação criminosa armada, que não consta do Código Penal Militar. A pena é de dois a seis anos de reclusão. Os integrantes da quadrilha também serão responsabilizados pelo Ministério Público pelos diversos crimes de concussão (praticados por funcionários públicos), que serão apurados pela Auditoria de Justiça Militar estadual.
Fonte http://veja.abril.com.br/