sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Após fugas e festanças, Secretário de Segurança ordena que presídio da PM RJ seja transferido


Foto: Agência O Globo
Carlão posa para fotos ao lado de amigos durante festa de aniversário no Batalhão Especial Prisional
O comando-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro procura um lugar mais seguro para receber o  (BEP) da corporação, atualmente localizado no bairro de Benfica, na zona norte da capital fluminense. A ordem de transferência foi dada nesta quinta-feira pelo secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame.
A determinação aconteceu após o jornal carioca “Extra” publicar fotos da festa de aniversário do filho de um dos detentos realizada em setembro do ano passado dentro do BEP. O presidiário em questão é o ex-PM Carlos Ari Ribeiro, o Carlão.
Ele é acusado de integrar a maior milícia do Rio, conhecida como “Liga da Justiça”, comandada pelos ex-políticos e irmãos Natalino e Jerônimo Guimarães, atualmente presos. Suspeito de 16 assassinatos,Carlão fugiu do BEP no último dia 2 de setembro.
As imagens veiculadas mostram os corredores da carceragem decorados com bexigas e mesas fartas de doces. Em uma das fotos, Carlão está rodeado de amigos, segurando um copo com uma bebida que aparenta ser cerveja. Ele e outro homem ostentam anéis, cordões e pulseiras.
Foto: Agência O Globo
Imagem mostra mesa repleta de doces durante comemoração no Batalhão Especial Prisional (BEP)
Investigação
Em nota, a Polícia Militar informou que a ostentação de joias e objetos de valor “revelam uma ousadia e um desacato ao poder constituído”. O coronel Mário Sérgio Duarte ordenou que todos os detidos no BEP passem a usar uniforme.
O comando-geral da PM também abriu uma sindicância para apurar a realização da festa de aniversário na unidade prisional. O comandante da época, o subcomandante e o oficial de dia que estava de serviço serão convocados a prestar esclarecimentos sobre o episódio.
“Confraternizações entre detidos e presos são permitidas pela lei, desde que dentro de protocolos legais e de segurança. Mas a sindicância, diante das imagens, irá verificar se houve uso de bebidas alcoolicas, o que fere frontalmente a lei, e tal fato pode culminar na prisão de responsáveis”, informa o comunicado enviado pela PM.
Foto: Agência O Globo
Mesas foram espalhadas no corredor da unidade para receber os convidados da festa de aniversário
Troca de comando
De acordo com a nota, o comandante-geral da Polícia Militar já mudou o comando do BEP duas vezes desde a festa, ocorrida, segundo o jornal “Extra”, no dia 24 de setembro de 2010. Desde que assumiu o cargo (em julho de 2009), o coronel Mário Sérgio Duarte já mudou a direção do BEP em cinco ocasiões.
O Batalhão Especial Prisional abriga PMs e ex-PMs acusados de crimes. A unidade é criticada por não ser segura. Seis meses antes da fuga de Carlão, outro detento, acusado de ter ligação com uma milícia do bairro de Jacarepaguá, fugiu pela porta da frente do presídio.
O mesmo já havia ocorrido um ano antes. Dois ex-PMs que integram o mesmo grupo paramilitar de Carlão deixaram o BEP pela porta principal. Na época, houve suspeita de que a fuga teria custado R$ 200 mil. Uma sindicância chegou a ser aberta pela corporação, mas o resultado não foi divulgado.

sábado, 24 de setembro de 2011

Melhor salário e maior controle reduziriam corrupção policial, dizem analistas


               Governo aposta em policiais recém-formados para conter corrupção nas UPPs (Foto: AFP)
O emprego de policiais recém-formados nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não é suficiente para evitar a corrupção nas unidades, sendo necessário aprimorar a remuneração, a formação e os mecanismos de controle, dizem especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Apesar do esforço da Secretaria de Segurança Pública do Rio em concentrar policiais recém-formados nas UPPs – contando serem policiais "sem vícios", como já afirmou o secretário José Mariano Beltrame – a primeira grande denúncia de corrupção em uma UPP veio à tona no último fim de semana.
O jornal O Dia denunciou um suposto esquema de pagamento de propina por traficantes a policiais da UPP dos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, em Santa Teresa.
Na última quarta-feira, Beltrame afirmou que os envolvidos seriam punidos e provavelmente expulsos da corporação.
O sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, concorda que policiais mais novos tenham menos chances de desenvolver abusos e diz que a estratégia de recorrer a recém-formados é corriqueira em outros países.
No entanto, ele afirma ser ingenuidade pensar que isso, por si, possa manter afastada a corrupção sem que se invista em outros fatores primordiais para lutar contra o problema.
"Quando as pessoas oferecem R$ 20 ou R$ 30 para se livrar de uma multa também estão incentivando a corrupção."
Ignacio Cano, sociólogo
"O primeiro é a remuneração. O segundo é a formação (dos policiais) e os requisitos de entrada (na corporação), que são muito baixos, a gente acha que devia se exigir o terceiro grau", afirma o professor.
"Para isso, também teria de haver um salário condizente. O terceiro é a fiscalização. E o quarto é cultural, da sociedade brasileira. Quando as pessoas oferecem R$ 20 ou R$ 30 para se livrar de uma multa também estão incentivando a corrupção", diz.
Risco previsível
A especialista em segurança pública Jacqueline Muniz, professora da Universidade Católica de Brasília (UCB) e da Candido Mendes, afirma que o risco de corrupção era previsível nas UPPs, que retomaram áreas que estavam sob domínio do tráfico, e ainda são vulneráveis.
"Como o crime não tem como vencer o Estado, tenta vencer alguns policiais. É sabido que os policiais ali podem estar vulneráveis ao crime", diz Muniz.
Para ela, é preciso investir no controle social da polícia, estimulando a participação da população na fiscalização dos agentes. “Quanto mais você multiplica mecanismos de controle e denúncia social, como um disque-denúncia, você cria uma rede de controle social”, afirma.
"Como o crime não tem como vencer o Estado, tenta vencer alguns policiais. É sabido que os policiais ali podem estar vulneráveis ao crime."
Jacqueline Muniz, especialista em segurança pública
Muniz vê ainda a necessidade de se fortalecer mecanismos internos e externos de controle, aprimorando ouvidorias e corregedorias, que precisam, segundo ela, ter mais autonomia e orçamentos maiores.
Para o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (Aspra-PM/BM-RJ), Vanderlei Ribeiro, o principal problema a ser solucionado para conter a corrupção na polícia são os baixos salários.
"Ao entrar na corporação, (os novos policiais) vão se deparar com a miséria, a falta de equipamentos, a alimentação e a saúde precárias, a formação precária, porque tem que botar o homem rapidamente na rua", diz Ribeiro.
Ele defende a adoção de uma política salarial para os policiais, citando como exemplo positivo a renovação feita nos últimos dez anos na Polícia Federal (PF)

domingo, 18 de setembro de 2011

O escândalo da UPP: população do Rio descobre a diferença entre pacificação e paz negociada com bandidos


Mesada paga a PMs dava a moradores a ilusão de tranquilidade. Repete-se a tragédia da segurança, com policiais de olhos fechados e bolsos abertos

A UPP do Fallet, de onde foram afastados 30 policiais militares acusados de corrupção: crise arranha imagem do programa

A UPP do Fallet, de onde foram afastados 30 policiais militares acusados de corrupção: crise arranha imagem do programa (Paulo Jacob/Agência O Globo)
A contrapartida do cofre abastecido com o dinheiro dos bandidos era uma postura leniente em relação às ações criminosas. Dito e feito. Os policiais chegavam a não circular pelas favelas, ficavam fixos na base da UPP, para não incomodar a venda de drogas
A descoberta de um grande esquema de ‘mesada’ paga por traficantes a policiais militares da UPP dos morros do Fallet/Fogueteiro pode ser uma grande aprendizado para a política de segurança, no Rio e em todas as grandes cidades brasileiras. Pode também, se ignorada, ser a derrocada definitiva do processo de “pacificação”, que, apesar de avanços, está longe de ser algo consolidado na capital fluminense. Uma reportagem do jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira, traz um detalhe preocupante: depois da chegada da UPP nessas favelas, o tráfico e a corrupção continuaram, mas de forma ‘higiênica’, ou seja, sem danos de imagem até então para as autoridades do estado, a PM e talvez até invisível para moradores da região. A propina, dessa vez, chegava na casa do policial corrupto.

Segundo O Globo, interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram que o capitão Elton Gomes e o tenente Rafael Menezes, comandante e subcomandante da UPP, recebiam a propina em casa, por meio de um emissário encarregado de transportar o dinheiro. Esse era o pagamento para que os policiais integrantes do esquema, em seus turnos, ficassem em suas bases, sem se deslocar e sem atrapalhar a venda de drogas, o movimento de armas e a liberdade com que os bandidos se mantinham circulando na favela.

No último dia 6, um sargento e dois soldados foram presos em um carro com 13,4 mil reais de origem não comprovada. Parte do dinheiro estava escondida em uma bolsa de supermercado, sob os bancos do carro. Dinheiro limpo não costuma ser carregado assim.

O sargento Rinaldo do Desterro Santos, um dos presos, é considerado o articulador do pagamento do dinheiro enviado pelos bandidos aos PMS. Ele manteve conversas com o então comandante da unidade, o capitão Gomes, e com o subcomandante, tenente Medeiros. Ambos estão afastados, e um novo policial assumiu a chefia da UPP. Ainda de acordo com O Globo, a promotora Isabella Pena Lucas disse que a propina do tráfico para os policiais chegaria a 70 mil reais por mês. 

A contrapartida do cofre abastecido com o dinheiro dos bandidos era uma postura leniente em relação às ações criminosas. Dito e feito. Os policiais chegavam a não circular pelas favelas, ficavam fixos na base da UPP, para não incomodar a venda de drogas. As noites de sexta, sábado e domingo eram os principais momentos de fazer vista grossa e de manter-se longe desse comércio ilegal.

Em uma das interceptações, Rinaldo diz: “É para ele ficar quieto, paradinho na base”. O sargento foi preso no último dia 6 de setembro, juntamente com os soldados Gilmar Macário e Alexandre dos Santos. Nesta quarta, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que os policiais envolvidos no esquema de propina será afastado da corporação. “Vamos punir e colocar essas pessoas na rua e prosseguir com o trabalho (das UPPs)”, afirmou.

O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, tentou separar o joio do trigo. Mário Sérgio comemorou o fato de ter identificado os PMs que mataram a juíza Patrícia Lourival Acioli, em Niterói. Segundo ele, havia o risco de todo o 7º BPM (São Gonçalo) ser confundido com um grupo de criminosos. Ainda não está claro se há mais policiais envolvidos naquele crime, mas, para o comandante, a bandidagem ali pode estar isolada. 

O coronel, prudentemente, também separou os dois tipos de policial nas UPPs. “Há 60 dias vínhamos investigando (o caso da propina na UPP). Policial que cometer crime vai para a porta da rua”, disse.

Quem nada disse sobre isso, apesar de ter falado bastante, foi o governador Sérgio Cabral. A cerimônia era para premiar os policiais que atingiram as metas da Secretaria de Segurança. Cabral, nesse caso, preferiu ater-se aos fatos positivos e aos méritos que ele próprio enxerga em sua gestão. Sobre corrupção, calou-se.

O escândalo da mesada na UPP que deveria levar tranqüilidade aos bairros de Santa Teresa, parte do centro, Cosme Velho e Laranjeiras – os dois últimos na zona sul – revelou-se um exemplo de como a criminalidade pode receber maquiagem. Uma unidade da polícia que recebe dinheiro do tráfico para se manter eu sua base funciona, na prática, como uma equipe de seguranças para os traficantes, mantendo longe dali os bandidos inimigos e os demais policiais – afinal, a informação oficial vai ser sempre de que a situação está sob controle.

Essa é, com pequenas diferenças, a história resumida da tragédia da segurança pública no Rio, com traficantes se fortalecendo nos períodos em que a polícia fechou os olhos e abriu os bolsos para a corrupção.
(Com reportagem de Cecília Ritto e Rafael Lemos)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Homicídio de juíza brasileira expõe corrupção policial

Anistia Internacional


O homicídio de uma juíza por homens armados, perto do Rio de Janeiro, destaca os problemas profundos da cidade com a corrupção policial e o crime organizado, considerou a Amnistia Internacional no dia 16 de Agosto.


De acordo com os relatórios forenses iniciais, a juíza Patrícia Acioli encontrava-se no seu carro à porta de casa, em Niterói, na baía do Rio de Janeiro, na noite de 11 de Agosto, quando vários homens armados encapuzados se aproximaram em vários veículos e a atingiram com 21 tiros à queima-roupa.   
Foi iniciada uma investigação para determinar os responsáveis dos ataque, mas Acioli tinha recebido ameaças de oficiais da polícia e de gangs criminosos. O seu nome fazia parte de uma lista de 12 pessoas, incluindo outros juízes e promotores de justiça, marcados para serem assassinados por uma milícia local liderada por antigos oficiais da polícia.
Devido a antigas ameaças, a juíza esteve sob protecção policial durante um período, contudo, este estatuto foi-lhe retirado em 2007.     
"O brutal homicídio de Patrícia Acioli expõe uma situação profundamente preocupante: actualmente a corrupção e o crime organizado controlam, de diversas formas, algumas áreas do Rio de Janeiro", afirmou Patrick Wilcken, Investigador da Amnistia Internacional no Brasil.    
"O homicídio de uma juíza que estava simplesmente a realizar o seu trabalho é um golpe para o Estado de Direito e para o sistema judicial no Brasil. As autoridades devem realizar uma investigação minuciosa e independente para levar os responsáveis à justiça. Mas devem fazer muito mais.    
As autoridades federais, estatais e municipais devem colocar em vigor medidas coordenadas para acabar com o crime organizado na cidade, enquanto fornecem protecção adequada para as pessoas envolvidas na investigação e na acusação de oficiais da polícia corruptos e de gangs criminosos."    
Acioli era conhecida como uma juíza intransigente e investigava casos de homicídios que envolviam polícias, milícias e gangs relacionados com o tráfico de droga que operavam na região metropolitana do Rio de Janeiro. Na última década, Acioli condenou cerca de 60 oficiais da polícia envolvidos em homicídios e milícias - máfias que usam violência e extorsão para intimidar e exercer controlo sobre comunidades.   
No fim do ano de 2008, o parlamento do estado do Rio de Janeiro conduziu um inquérito com o objectivo de combater as milícias. Apesar de terem sido feitas mais de 500 detenções de membros de milícias e julgamentos de oficiais da polícia corruptos desde então, pouco foi feito para enfrentar as actividades económicas ilegais que sustentam estes grupos.    
"A polícia, as autoridades municipais e estatais estão a fechar os olhos às vastas redes de transporte de milícias, aos serviços de gás e telecomunicação que continuam a actuar com impunidade por toda a cidade", afirmou Patrick Wilcken.    
"Um passo importante no combate ao poder do crime organizado no Rio de Janeiro seria a implementação total das recomendações do inquérito de 2008 do parlamento sobre as milícias, o qual foi apoiado por Patrícia Acioli. Isto inclui reprimir a economia paralela que sustenta e consolida a corrupção policial e o crime organizado."
via: http://aeiou.expresso.pt/amnistiainternacional

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Policiais presos são suspeitos de usar rádio da própria PM em ataques a caixas eletrônicos

http://noticias.r7.com


ataque-caixa-eletrônico-450x338-20110905Hélio Torchi/ 01-09-2011/AE
Dois caixas eletrônicos foram atacados por criminosos na madrugada do dia 1º de setembro em um supermercado na zona sul de São Paulo
Os quatro policiais militares que foram presos nesta segunda-feira (5), durante a Operação Caixa Preta, são suspeitos de usavam rádios da própria Polícia Militar para realizar os ataques a caixas eletrônicos. A ação foi realizada por agentes da Delegacia de Repressão a Roubo a Bancos do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado) e Corregedoria da PM de São Paulo.

Leia mais notícias do R7 
A Polícia Civil disse que depois que as quadrilhas começaram a ser desmontadas, o tipo de crime caiu 90% na capital paulista. Agora, os criminosos estão preferindo o interior do Estado.

Segundo a Polícia Civil, 11 mandados de busca e apreensão foram realizados nas casas de 11 policiais militares. Os PMs foram presos na Vila Carrão e em São Mateus, na zona leste de São Paulo; na Vila Santa Catarina, na zona sul; e no Guarujá, litoral do Estado. Um quinto mandado de prisão foi expedido, mas o suspeito não havia sido localizado até a publicação desta notícia.

As ações da Operação Caixa Preta têm foco em dois crimes ocorridos na capital paulista. O primeiro foi o ataque aos caixas eletrônicos instalados no Clube Ipê, no Ibirapuera, zona sul da capital paulista. O crime ocorreu no dia 26 de abril. Na ocasião, um vendedor de milho e dois supostos assaltantes morreram. Dois PMs foram baleados.

O outro crime focado pela operação é o ataque a caixas eletrônicos do terminal Jabaquara, também na zona sul. Na ocasião, uma quadrilha manteve 12 pessoas reféns enquanto arrombava os equipamentos. Segundo o Deic, nos dois crimes, PMs são apontados como fornecedores de informações aos criminosos.
Ainda de acordo com o Deic, as investigações da Operação Caixa Preta foram iniciada há cerca de três anos. Nesse período, 48 pessoas foram presas.
Outro lado
Em nota, a assessoria da Polícia Militar informou que "dando continuidade ao que o Comandante Geral, coronel Alvaro Camilo, prometeu, no dia 2 de junho durante entrevista coletiva, todos os fatos novos sobre as investigações serão levados ao conhecimento da sociedade imediatamente". De acordo com a PM, dois dos suspeitos presos nesta segunda-feira são o soldado Alberto Kennedy Fernandes da Silva, do 3º Batalhão da Polícia Militar/Metropolitano, na zona sul; e o soldado Robson Amânsio dos Santos.


Prisões 
Semana passada, foram presas onze pessoas em uma operação denominada Carga Explosiva. De acordo com a corporação, a quadrilha detida na sexta-feira (2) era muito bem organizada e explodiu em torno de oito caixas eletrônicos nos últimos 90 dias, roubando entre R$ 700 mil e R$ 800 mil. A polícia investiga a possibilidade de haver policiais envolvidos na proteção do bando.
Na quinta-feira, sete pessoas foram presas em três veículos. Elas foram seguidas por agentes do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de Guarulhos (na Grande São Paulo) na rodovia dos Tamoios (SP-99) até um posto da Polícia Rodoviária Estadual, já próximo de Caraguatatuba. Policiais civis de São Sebastião (no litoral norte do Estado), alertados pelos agentes especializados, montaram um cerco junto ao posto policial e pararam os veículos.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), foram três meses de investigações, campanas e escutas telefônicas autorizadas pela Justiça para rastrear a ação da quadrilha. O trabalho envolveu policiais da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de Guarulhos.

Assista ao vídeo:





segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PMs vendiam drogas apreendidas para traficantes da Rocinha

http://ultimosegundo.ig.com.br



Foto: Agência Estado Ampliar
A favela da Rocinha é apontada pela polícia como a que mais vende drogas na cidade

Um processo que tramita na 38ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro revela que policiais militares supostamente vendiam para traficantes da favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, drogas que eram apreendidas em outras comunidades cariocas.
As investigações começaram em 2007 mas somente no dia 23 de março deste ano a denúncia foi oferecida à Justiça. Dois PMs se tornaram réus mas ambos não estão mais na ativa.

Um deles, Alexandre Marques, conhecido como Cop, que era lotado no 23º BPM (Leblon, zona sul), foi expulso da corporação. O outro, Erivaldo da Silva, que trabalhava no 22º BPM (Complexo da Maré, na zona norte), teve a aposentadoria concedida no final do ano passado.
Os autos trazem informações sobre como ocorreu uma das supostas negociações entre os PMs e a quadrilha da Rocinha. Um trecho fala de uma interceptação telefônica (sem data especificada) em que Cop oferece chá-mate por R$ 350 o quilo para o traficante conhecido como Juca Terror, que foi preso no início de agosto, no Espírito Santo.

O chá-mate a que se referem, segundo os autos, trata-se de uma maconha que foi apreendida no Complexo da Maré.
Em uma outra parte do processo que também fala da mesma droga recolhida na Maré, os dois PMs suspeitos conversam e falam que o "whisky" (no caso a maconha apreendida) não era de boa qualidade e que baixariam o preço do quilo da droga para R$ 200.
Já expulso, o ex-PM do 23º BPM se apresentou à Justiça no mês de junho e está preso. Sua defesa requereu a liberdade em julho alegando que Alexandre é réu primário, trabalhador e possui domicílio certo. O recurso foi negado

Já o outro suspeito chegou a ficar preso mas teve o alvará de soltura expedido em julho. Na ocasião, a Justiça alegou que não havia indícios de que a soltura do acusado traria algum prejuízo à ordem pública e ao processo.
A Rocinha é apontada pela polícia do Rio como sendo a favela que mais vende drogas na cidade. A comunidade é controlada pelo traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está foragido. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 5 mil para quem prestar informações que ajudem a captura do criminoso.



Foto: Divulgação/Disque-Denúncia Ampliar
Chefe do tráfico na Rocinha, Nem é um dos traficantes mais procurados do Rio

Repasse de informações


O ex-PM Cop também é acusado no processo de repassar aos traficantes informações sobre operações policiais que seriam realizadas na Rocinha. Segundo os autos, ele se aproveitava do fato de trabalhar no batalhão do Leblon que é responsável pelo policamento na comunidade.
Em um trecho de uma outra interceptação telefônica (também sem data mencionada) citado na ação, Cop foi questionado pelo traficante Juca Terror sobre uma operação que ocorreu na Rocinha no qual houve tiroteio em que o policial teria mandado "meter bala" nos bandidos.
De acordo com o processo, o ex-PM recebia o dinheiro dos traficantes em um posto de gasolina e chegou a pedir um aumento da suposta propina que ganhava após os traficantes da Rocinha terem assumido, em 2009, o controle das bocas de fumo no conjunto habitacional Cruzada São Sebastião, no Leblon, que eram controladas por uma facção criminosa rival.

Outras suspeitas
Nos últimos anos, outras investigações também apontaram a ligação de policiais com os traficantes da Rocinha. No início deste ano, a Operação Guilhotina da PF (Polícia Federal) revelou que seis policiais (entre civis e militares) desviavam materiais apreendidos em comunidades rivais e negociavam com a quadrilha da Rocinha.

Os suspeitos também avisavam aos criminosos sobre operações na favela e, por isso, recebiam uma propina mensal de cerca de R$ 50 mil.
No ano passado, foi preso um ex-PM acusado de ser informante da quadrilha da Rocinha quando estava na ativa. Em 2007, um inspetor da delegacia de Copacabana (12º DP) foi preso suspeito de repassar informações sobre operações policiais na mesma favela.

"Arrego" na Penha

Um processo que corre na 26ª Vara Criminal da Capital do TJ-RJ e trata do tráfico no Complexo da Penha e nas favelas do Dique e do Furquim Mendes, na zona norte, levanta a suspeita de que, antes da ocupação pelas Forças de Pacificação do Exército, os traficantes da Penha contavam com a ajuda de policiais.

Segundo os autos, pelo menos dois traficantes identificados pelos apelidos de Lafado e Tuca, eram os responsáveis pelo pagamento do "arrego dos canas", que seria a propina dos policiais para que o "movimento trabalhasse em paz".

O texto não menciona, no entanto, se os policiais que supostamente receberiam propinas dos traficantes seriam militares ou civis. Não há nenhum policial réu no processo.