quarta-feira, 30 de outubro de 2013

MP denuncia corrupção de policiais civis em Santo André - SP

As investigações do MP (Ministério Público do Estado) sobre a atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital) revelaram atos de corrupção praticados por integrantes da Polícia Civil no Grande ABC. Escutas telefônicas de 2011, divulgadas ontem, mostram que traficantes da Zona Leste da Capital entraram em contato por telefone com líderes da facção criminosa, presos no interior paulista, para relatar que pagaram propina a policiais civis de Santo André. Assim, teriam se livrado do flagrante.
Os três anos de apuração do órgão renderam denúncia contra 175 pessoas por formação de quadrilha e o pedido de isolamento de 35 chefes do PCC após serem descobertos a cadeia de comando do tráfico de drogas e planos para atentados e assassinatos de autoridades. A facção controlaria 90% de todos os presídios paulistas.
A Justiça negou os pedidos, mas o envolvimento de policiais corruptos veio à tona. Um tenente da Polícia Militar que atua no 16º Batalhão, na Zona Oeste da Capital, foi preso ontem.
Nas escutas feitas pelo MP, um dos principais líderes da facção, Fabiano Alves de Souza, o Guga Paca, preso em Presidente Bernardes (a 589 quilômetros da Capital), aparece em diálogo com traficante após a sua prisão, na noite de 5 de fevereiro de 2011.
Ele foi surpreendido no local onde funcionava o seu depósito de droga, cujo endereço foi mantido em sigilo, e encaminhado ao 4º DP (Jardim) andreense junto da mulher e filhos.
No diálogo divulgado pelo MP, o suspeito alega que os policiais pediram R$ 200 mil, mas que conseguiu baixar o valor para R$ 100 mil e assim ser liberado, além de recuperar as drogas.
O outro caso relatado pelo MP na cidade foi na madrugada de 16 de novembro daquele mesmo ano. Outro nome de destaque da facção, Roberto Soriano, vulgo Tiriça, foi informado por suspeito de nome Maicon Suel Alves Pereira, também por telefone, no presídio de Presidente Venceslau (a 611 quilômetros da Capital), de que um traficante detido poderia ser libertado após pagamento de R$ 50 mil exigidos por policiais civis do 1º DP (Centro).
Segundo a equipe do Diário apurou junto a integrantes da Corregedoria da Polícia Civil, pelo menos cinco policiais estariam envolvidos nos casos relatados, mas nenhum deles não trabalha mais na região e estariam na ativa na Capital.
Atual delegado seccional de Santo André, Angelo Isola ressaltou que nenhum dos possíveis policiais envolvidos trabalha mais nas delegacias citadas.
“A seccional está aberta para que a Corregedoria, a Força-Tarefa da SSP (Secretaria da Segurança Pública) e o MP façam suas investigações e esclareçam os ocorridos”, disse Isola. “Agora, já se passou muito tempo. É muita letargia de quem está apurando isso. Deveriam ter sido tomadas as providências tão logo fossem feitas as escutas.”
Secretaria
A Força-Tarefa citada pelo delegado foi uma das medidas anunciadas na segunda-feira pelo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, para fazer com que a Pasta apure as denúncias envolvendo policiais, incluindo os dois casos de Santo André.
Segundo a assessoria da Pasta, Grella e as corregedorias das polícias Militar, Civil e Científica receberam ontem do procurador-geral do Estado, Márcio Elias Rosa, o material levantado pelo MP, incluindo as 875 páginas da denúncia rejeitada. A partir daí vão iniciar as investigações sobre envolvimento de policiais corruptos com o crime organizado.
A SSP informou que até agosto, 498 policiais militares, civis e científicos foram presos e outros 909 demitidos por irregularidades em suas funções.


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