terça-feira, 16 de julho de 2013

Sete policiais são presos em SP por envolvimento com traficantes


Estão presos em São Paulo sete policiais que trabalhavam no Departamento de Combate ao Narcotráfico, o Denarc. O Ministério Público acusa os agentes de proteger os traficantes que eles deveriam prender.
De acordo com as investigações, eles receberiam propina de até R$ 300 mil por ano e mais um valor mensal para informar aos bandidos de operações contra o tráfico de drogas. Além de corrupção, eles são suspeitos de outros crimes, que variam de formação de quadrilha a sequestro.
Depois das prisões, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo anunciou uma reestruturação no Denarc. As mudanças devem começar a ser discutidas ainda nesta semana.
Denarc é o Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico. Mas as investigações mostraram que 13 policiais civis que trabalham ou que trabalharam lá são suspeitos de envolvimento justamente com os traficantes. Sete policiais foram presos em casa.
“Há policiais que têm aparentemente uma responsabilidade muito pequena e aparentemente policiais que têm uma responsabilidade um pouco maior. Os crimes investigados vão desde formação de quadrilha armada, passando por corrupção, roubo, tortura, até extorsão mediante sequestro”, diz o promotor do GAECO de Campinas, Amauri Silveira Filho.
Os policiais também teriam vazado informações sigilosas sobre operações. Viraram suspeitos durante a investigação de bandidos ligados à Wanderson de Paula Lima, o Andinho. Ele está preso desde 2002 por tráfico de drogas, homicídios e sequestros, e cumpre pena na penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista.
Ainda assim, segundo os promotores, traficantes ligados a Andinho teriam pago propina a policiais do Denarc.
“A instituição da Polícia Civil, através da Delegacia Geral de Polícia, reafirma que não compactua com qualquer desvio de conduta de seus policiais”, declara Maurício Blazeck, delegado-geral da Polícia Civil.
Um dos casos investigados é o da prisão de seis traficantes na região de Campinas, interior de São Paulo. Os promotores suspeitam que o chefe da quadrilha pode ter sido liberado depois de dar dinheiro aos policiais.
O delegado que presidiu o inquérito na época foi preso na segunda-feira (15) durante a operação. O nome dele não foi informado. O outro delegado preso é Clemente Castilhone Junior, chefe do setor de inteligência do Denarc.
Em Campinas e em Serrana, no interior de São Paulo, foram presos seis traficantes com drogas e dinheiro. Um deles é Flaviano de Oliveira, considerado braço direito de Andinho, e suspeito de ameaçar de morte promotores.
Especialistas em segurança sugerem que os governos criem mecanismos permanentes para fiscalizar os policiais e verifiquem se o patrimônio que possuem e o padrão de vida que levam estão de acordo com os salários que eles recebem.
“Os agentes da autoridade do estado precisam declarar a origem dos seus patrimônios, que precisam ser permanentemente verificados e fiscalizados”, diz Walter Fanganiello Maierovitch, presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone.
O advogado do delegado Clemente Castilhone foi procurado para falar sobre as acusações, mas ele não atendeu os telefonemas. O Ministério Público ainda tenta cumprir mandado de prisão contra seis policiais.

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