Elias Nobre destaca que o envolvimento dos policiais com traficantes e truques para burlar a cena do crime dificultam as investigações.
O trabalho de investigação da Polícia Civil no Rio Grande do Norte está cada dia mais infectado pela corrupção dos policiais com o crime. Esse foi o destaque da entrevista com o delegado geral de Polícia Civil, Elias Nobre, em entrevista ao Jornal 96, da 96 FM, na manhã dessa quarta-feira (24).
“Hoje, o trabalho da Polícia Civil é dificultado pela corrupção dos policiais com os grupos mais perigosos, com a conivência e participação dos policiais que conseguem descaracterizar o crime, tirando os vestígios e indícios de crimes”, afirma Elias Nobre.
Ele conta ainda que a corrupção dos policiais atrapalha muito a investigação porque trabalham em paralelo com a segurança pública e esses policiais são os mais perigosos. “Esperamos prender esses bandidos (da Polícia) porque esses são mais perigosos porque recebem o salário do cidadão, arma e identidade funcional para prender os criminosos e tem a prerrogativa, envolvem-se com outros criminosos”, disse.
O delegado lembrou que além do envolvimento dos policiais nos crimes, eles participam das execuções e das extorções quando os traficante se negam a pagar a propina e ainda trabalham na eliminação da concorrência, no mundo do crime, nos roubos e furtos.
Além desse problema, o delegado geral de Polícia Civil aponta a carência de material humano como outro fator que dificulta as investigações. “Estamos na fase final de um concurso que irá aumentar a quantidade de delegados, escrivãos e agente de polícia nas ruas. Com isso, vamos criar a divisão de homicídios e a chegada de outros policiais nas delegacias também”, disse.
Durante a entrevista, o delegado foi questionado sobre os homicídios e os grupos de extermínio existentes na área metropolitana. “Desde o ano passado estamos investigando os homicídios na área metropolitana através do trabalho de inteligência com os grupos que agiam na região de Macaíba e São Gonçalo”, destacou Elias.
Segundo ele, nesses grupos existem pessoas ligadas ao tráfico de drogas e as vítimas – geralmente - também são envolvidas com drogas. “Esses bandidos estão sendo presos, mas a Polícia tem cuidado com o trabalho de inteligência para que não fique nenhum solto e consiga articular a ação com outros grupos”, destacou.
O procedimento da Polícia após a comprovação da corrupção policial é o afastamento imediato, encaminhamento a corregedoria e depois a demissão, no caso da Polícia Civil e expulsão, no caso da Polícia Militar.
Sobre o concurso - que está em fase final - o delegado geral de Polícia acredita que a chegada dos novos policiais até o segundo semestre o trabalho investigativo vai melhorar. "Vamos dar um salto de qualidade em recursos humanos no sentido de identificar e avançar nas investigações, além de termos mais veículos e armamentos. O Governo do Estado está fazendo seu papel: o concurso vai convocar 9 delegados, centenas de agentes e escrivãos, totalizando 540 policiais", frisou.
O delegado comentou ainda que as características do crime de extermínio são feitas quando o criminoso é levado para determinado local, executado com arma de fogo - geralmente de grosso calibre - e vários tiros, como no caso dos chineses. Sobre o assunto, Elias Nobre disse não querer falar sobre o assunto, temendo atrapalhar as investigações.
Os casos de estupros na região metropolitana de Natal, em Extremoz e São Gonçalo também foram comentados. "As investigações estão sendo feitas. O crime de estupro é repugnante e quando os criminosos são presos, tem que ser isolados na cadeia", destacou. Elias lembrou o caso dos quatro estupros na granja de São Gonçalo onde os casos foram resolvidos, com identificação e prisão dos bandidos.
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