RIO
- Uma operação da Divisão de Homicídios cumpre na manhã desta quinta-feira 96
mandados de prisão contra policiais militares acusados de receber propina do
tráfico de drogas em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Segundo a
Polícia Civil, essa é a maior operação de combate à corrupção policial já feita
no Estado do Rio. A operação aconteceu após delação premiada de um homem preso em fevereiro de
2016.
A
Justiça também ordenou a prisão de traficantes. Segundo a Polícia Civil, até as
12h45m,
54
mandados de prisão contra PMs e 22 contra traficantes haviam sido cumpridos. A
ação foi batizada de Calabar — em alusão a Domingos Fernandes Calabar,
considerado o maior traidor da História brasileira. A ação tem a colaboração do
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério
Público estadual.
As
equipes estão em bairros de Niterói, na Região Metropolitana, e também da Zona
Oeste do Rio. No Ingá, em Niterói, agentes estiveram no prédio do cabo Fernando
Cataldo Côrtez, um dos suspeitos de integrar o esquema. Segundo a Polícia
Civil, já há PMs presos.
Em
São Gonçalo, a movimentação no 7º BPM (São Gonçalo) era intensa na manhã desta
quinta-feira. A todo instante chegava um carros de várias unidades da Polícia
Civil e também veículos da Polícia Militar, muitas delas em precário estado de
conservação. Dois veículos da polícia militar deixaram o batalhão com PMs
presos.
A
movimentação atraiu atenção de moradores próximos da unidade da PM. Eram
pessoas que se mostravam indignadas com as notícias sobre o envolvimento de
policiais com traficantes.
—
Isso é uma vergonha. Vender armas para bandidos é uma safadeza. Receber
dinheiro do tráfico é uma nojeira. Mas devemos parabenizar os PMs honestos.
Adoro a polícia militar. Mas enquanto Facebook vendo corrupto não for mandado
embora não vai ter jeito. Os deputados estaduais e vereadores de São Gonçalo
também são culpados — afirmou o aposentado Rosemberg do Santos Perez, de 59
anos.
A
mesma indignação foi compartilhada pelo também aposentado Valmir trindade, de
70 anos:
—
Em poucas palavras, esse é o nosso Brasil. E nós que somos brasileiros temos
que aturar isso aí. Colocam corruptos para tomar conta da gente. Não dá. Também
somos culpados por eleger pessoas desonestas. Mas somos enganados. Eles se
mostram bonzinhos, mas fazem tudo de errado às escondidas.
A todo instante passavam motociclistas e motoristas
gritando em frente ao Batalhão. Eles chamava os PMs de ladrões e bandidos de
farda, além de outros xingamentos.
GRUPO MOVIMENTAVA CERCA DE R$ 1 MILHÃO POR MÊS
O
esquema movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês. Todos os agentes alvos da
operação são praças e foram lotados no 7º BPM (São Gonçalo) entre 2014 e 2016.
A quantidade de policiais acusados de corrupção representa cerca de 15% do
efetivo da unidade, composta por pouco mais de 700 homens. De acordo com a
investigação, semanalmente os agentes recebiam cerca de R$ 250 mil de propina
do tráfico.
Na
ocasião da prisão do delator, por agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói
e São Gonçalo (DHNSG), ele foi flagrado com três armas de fogo e dinheiro em
espécie. Ele era apontado como uma espécie de "gerente da propina" do
tráfico do município, responsável por centralizar o transporte do dinheiro e o
pagamento a diferentes grupos de policiais. A partir de então, ele aceitou
fazer delação premiada, colaborando com os agentes em troca de uma diminuição
de sua pena.
Numa
série de depoimentos prestados na especializada, ele esmiuçou como era o
esquema de distribuição de propina do tráfico entre os PMs do 7º BPM (São
Gonçalo), apontou os nomes de 96 agentes que recebiam valores semanalmente e
entregou uma lista de números de telefones utilizados por policiais e por
traficantes responsáveis pelos pagamentos.
Segundo
o relato do colaborador, o tráfico distribuía cerca de R$ 250 mil semanalmente
entre PMs que trabalhavam nos Grupos de Ação Tática (GATs), na P-2 (Serviço
Reservado) do batalhão, em Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) nos
bairros do Salgueiro, de Santa Luzia, de Santa Izabel, do Jockey, do Jardim
Catarina, e as ocupações dos morros da Coruja e do Alto dos Mineiros. A entrega
do dinheiro era feita, geralmente, nas noites de sábado. Em troca do pagamento,
os policiais deveriam evitar operações em 44 favelas de São Gonçalo dominadas
pela maior facção do Rio no município. A divisão era feita de acordo com a
lotação dos policiais e com o perigo que esses agentes representavam para a
facção. Por exemplo: cada GAT — grupos de agentes responsáveis por incursões em
favelas — recebia R$ 20 mil por semana; já PMs baseados em cada um dos DPOs
recebiam R$ 7,5 mil. dinheiro da propina era entregue para Daniel Soares
e Renato Amarelo. Eles repassavam as quantias para os policiais militares.
Segundo
a delação do colaborador, o chamado "arrego" era pago por traficantes
do Complexo do Anaia, Jardim Miriambi, Caixa d´água, Tronco, Dita, Complexo da
Alma, Favela 590, Candoza, Buraco Quente, Três Campos, Favela do Pica- Pau,
Baixadinha, Boca da 39 (Bairro Jardim catarina), Carobinha, Mangueirinha, Novo
México, Risca Faca, entre outras da região de Niterói e São Gonçalo.
QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO
Com
base nos relatos do colaborador, a Justiça decretou a quebra de sigilo
telefônico dos policiais. A partir do monitoramento das linhas, os agentes
descobriram que os agentes e os traficantes usavam celulares "buchas"
— aparelhos utilizados somente para atividades ilícitas, para dificultar o
rastreamento. Todas as ligações telefônicas foram periciadas para verificar se
o padrão de voz de pessoas que utilizaram celulares “buchas” coincidia com o
dos policiais militares.
Ao longo das investigações, os agentes descobriram
que, mesmo após a prisão do colaborador, os valores continuaram a ser pagos. O
posto de "gerente da propina" passou a ser ocupado por Daniel Soares,
que foi preso ao longo do monitoramento, em abril de 2016 com R$ 9,5 mil num carro.
Daniel não aceitou colaborar com as investigações.
Outra
prisão em flagrante realizada pelos agentes da DHNSG durante as investigações
foi a do cabo Marcelo Bento Vindile. Ele foi flagrado à paisana num carro, em
abril de 2016, com outros três homens, R$ 2,2 mil reais em espécie, duas armas
e pinos de cocaína.
Os
PMs acusados vão responder por organização criminosa e corrupção passiva.
Veja a lista de PMs que são alvo da operação:
Adriano
Cavalcanti da Costa, CB Adriano
Aguinaldo
Cardoso dos Santos
Allan
Mac Cormick Rosas
Alessandro
Costa de Assis, SGT Assis
Alessandro
da Silva Souza, SD Alessandro
Alexa
Dias Cordeiro
Alexandre
José Figueiredo Pimentel Júnior, SD A. Pimentel
Alex
Sandro Ernesto Barros
Anderson
do Nascimento da Silva
Anderson
Teixeira Pereira
André
Chagas da Silva
Andre
da Silva Aleixo, SGT Aleixo
André
Luiz de Oliveira Sodré, SGT Sobrancelhudo
André
Tavares Casaca de Souza
André
Willians Sarmento da Silva, Wilian Bichão
Antonio
Cláudio Quintanilha Medeiros, SD Quintanilha
Antonio
da Silva Mendes Júnio, Júnio Preá
Carlos
Alberto Pereira da Silva Júnior, SD Silva Júnio
Carlos
Eduardo Caetano de Oliveira Pinto, SGT Caetano
Carlos
Eduardo Correa de Sá, SGT Correa
Carlos
Eduardo Medina da Silva, SGT Medina
Carlos
Henrique da Silva Oliveira, Subtenente Oliveira ou Charuto
Carlos
Orlando Franco Matos
Carlos
Magno Vilaça de Carvalho, SGT Vilaça
Carlos
Roberto Soares Nunes Júnior, SD Nunes
Carlos
Vinícius Amaro de Freitas, CB Vinícius
Cauê
Soares de Souza, SD Cauê
Charles
Terechow, SGT Charles
Claudio
Filipe Dias Guedes, SD Guedes
Cristian
Barbosa, Sub Cristian
Cristiano
Lopes Cardoso dos Santos
Dilmar
Correa de Souza Júnior, SGT Júnior
Dominique
Alves de Oliveira, SD Dominique
Douglas
Vianna Costa, SD Vianna
Edinei
de Oliveira Braga, SGT Braga
Eduardo
Augusto Fernando de Souza, SGT Souza ou Souzinha
Fabiano
Moraes de Souza, M. Souza
Fabiano
Rosa Lima, SGT Lima
Fabiano
Santos de Souza
Fábio
de Matos Silveira, SGT Matos
Fábio
Ribeiro da Silva
Felipe
Venturini Pereira, Venturini
Fernando
Cataldo Cortes, Cabo Cortes
Fernando
Pinto de Souza, SGT Fernando
Fernando
Vieira Barcelos, SGT Barcellos
Fredson
do Nascimento Pereira
Hugo
Scarpa de Lucena, Scarpa
Jonhye
Soares Labre Vieira
José
Fernando Gonçalves de Faria Júnior, SGT Gonçalves
José
Edilson Sousa
José
Ricardo de Melo Alves, SGT José
José
Ronaldo de Sá Júnior, SGT Sá
Josinaldo
Vieira do Nascimento, SGT Nascimento
Júlio
César de Mattos Harduim, Harduim
Kalter
da Silva Paixão, SD Paixão
Leandro
Costa Caldas, Cabo Caldas
Leandro
Firmino Silva da Cruz, CB Firmino
Leandro
Mezavila Melo, Cabo Mezavila
Leonardo
Belgui Moura, SD Belgui
Luiz
Cláudio Martins Costa, Luiz Fofoca
Marcelo
Bento Vidile, Vidile
Marcelo
Gomes Santiago, SGT Santiago ou Sucuri
Marcelo
Ribeiro Gouveia, SGT Gouveia
Márcio
Alexandre Xerém, Xerém
Márcio
Porto Lagoas, SGT Lagoas
Marcos
Antonio das Chagas Capulot, SD Capulot
Marcos
Marcelo Vieira da Silva, SGT Marcelo
Maycon
da Silva Ferreira, SGT Maycon
Maycon
Riller Heringer de Andrade, Riller
Mychael
Fonseca da Silva, SG Fonseca
Nery
Oliveira da Fonseca, Oliveira
Pablo
Martins Peçanha, Pablo
Paulo
Henrique Tenente de Freitas
Paulo
Roberto Campos, Sub Campos
Paulo
Roberto Miguel Marinho, Hulk
Rafael
dos Santos Vieira, SD dos Santos
Rafael
Gomes Bezerra de Queiroz, Cabo Rafael
Rafael
Rodrigo Garcia Cruz, SGT Rodrigo, vulgo Tubarão
Rafael
Silva de Moraes, SGT Rafael
Ramon
da Costa Moraes, SD Ramon
Ricardo
do Bonfim de Souza, SGT Bonfim
Rodrigo
Luiz Pacheco de Paula, Cabo de Paula
Rogério
Fernandes Rodrigues, SD Fernandes
Roni
Siqueira Braga
Rui
Carlos Granja da Silva, SD Rui
Sandro
Coutinho Oliveira, SGT Coutinho
Sergio
dos Santos Arruda, SGT Arruda
Sérgio
Menezes de Carvalho, SGT Menezes
Telmo
de Souza Barbosa Júnior, SD Souza Júnior
Thiago
Marcos Barboza, SD Marcos
Vinícius
Alves Lima, SGT Alves
Vitor
Mury Ferreira, SD Mury
Wainer
Teixeira Júnior, SGT Wainer
Warnder
Costa de Souza, SGT Wander
Wanderson
Domingues Januário, SGT Januário
Wesley
Cavalcante de Melo, CB Wesley