terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Até que ponto policiais do Rio estão envolvidos e contaminados pelo crime?

Milton Corrêa da Costa
Em tempos, jamais vistos, onde um tenente-coronel e um tenente da PM do Rio, dois dos 11 acusados da covarde e brutal morte da juíza Patrícia Acioly, estão sendo encaminhados, por determinação judicial, à penitenciárias de segurança máxima, fora das divisas do Estado, mais um lamentável e degradante fato envolve policiais no Rio de Janeiro.
Na terça-feira, 13 agentes do estado, sendo 11 policiais militares e dois civis, foram presos, após longo trabalho de investigação da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, sob a acusação de venda de armas e drogas – algumas apreendidas em operações clandestinas – para o próprio tráfico. Ou seja, forneciam, em troca da propina, armas ao inimigo traficante para matassem e ferissem os próprios companheiros de profissão durante as incursões policiais legais.
Estarrece também o fato de que os ‘bandidos policiais’ faziam uso de informantes para que indicassem o local de esconderijo dos materiais do crime e, no caso dos policiais militares, pagariam propina (R$ 50,00) a oficiais de serviço para que fossem liberados de seus postos, além de certa quantia, entregue junto à reserva de armamento, para que pudessem permanecer com as armas da corporação enquanto fossem, ‘presumivelmente imunes à suspeitas’, delinquir da forma como melhor lhes conviessse. É o que se pode chamar de conluio quase que perfeito entre agentes do estado para a prática ‘oficializada’ de crime. Inacreditável e preocupante, uma vez que envolve policiais de diferentes regiões e unidades policiais, fato que pode demonstrar o grau de extensão (alastramento) da contaminação do crime envolvendo o aparelho policial do Estado.
Se somarmos o presente e lamentável fato a outros recentemente ocorridos, que envolvem policiais do Rio, a exemplo do policial militar (alega em sua defesa encontrar-se em estado etílico) acusado de assalto à mão armada no centro do Rio, acrescido ao caso do capitão agressor, no interior de uma boate da Ilha do Governador, e do desaparecimento de um cidadão na Cidade de Deus, onde dois PMs de uma guarnição policial são os principais suspeitos, além da execução sumária (três tiros de fuzil) de um eletricista na Baixada Fluminense (o corpo carbonizado e o carro incendiado apareceram posteriormente), onde são acusados dois policiais de serviço ( um deles foi o autor dos disparos), chegamos à conclusão que há algo de muito podre no ‘Reino da Dinamarca’.
Ainda que tais fatos, estatisticamente, envolvam uma minoria de agentes do estado, num efetivo ativo de aproximadamente 60 mil homens entre policiais civis e militares e somente a PM, neste ano, já excluiu 143 policiais ( a previsão até o final do ano pode chegar a 170), o dobro do número de excluídos em 2010 (85), tais fatos são extremamente preocupantes para os que detêm as funções de comando e direção no organismo policial do Rio.
Até que ponto agentes do estado, que têm a missão de defesa da sociedade, estão envolvidos com o crime? Qual é o grau de contaminação real da polícia do Rio com o banditismo? O que leva um oficial, com a patente de capitão, como no caso da boate da Ilha do Governador, com curso de formação de três anos, doutrinado para as funções de comando e liderança, para dar o exemplo, comportar-se prepotentemente, como autêntico vândalo, num ato de extrema covardia contra um jovem caído e indefeso, como mostram as câmeras de circuito interno, onde os agressores parecem ter a convicção da lei do mais forte, da supremacia da carteira policial e da impunidade? E o processo de formação do policial militar? Tem falhado em que aspectos?
Não há dúvida, pois, da necessidade premente de especialistas do tema repensarem a abordagem sobre os fatores comportamentais que conduzem o homem-policial a ser dominado pela fraqueza moral, pelo desvio de conduta, pelo desequilíbrio e pela agressividade extrema. Há perguntas que precisam se respondidas antes que seja tarde e a rotina do mau comportamento e do mau exemplo se alastre ainda mais.
Que perfil profissiográfico desejamos para o profissional de polícia? Que tipo de abordagem psicopedagógica (que idéia-força; que valores) deve ser empregada nos cursos de formação e aperfeiçoamento de policiais que possam introjetar no profissional de polícia a necessidade do comportamento moral e ético ilibados, tornando o homem cada vez mais imune à fraqueza moral da corrupção e de outros desvios de conduta? É possível, através de estratégia pedagógica específica, alcançar tal objetivo?
É o que o comando das polícias e os estudiosos e profissionais do ramo do estudo da psicologia e da pedagogia precisam descobrir. A sociedade quer e precisa acreditar na sua polícia, mormente num momento tão promissor para o Rio com o inovador e criativo modelo das Unidades de Polícia Pacificadora. O processo de contaminação da polícia do Rio preocupa sobremodo e deve ser estudado. Com a palavra os ‘policiólogos’ de plantão.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PF investiga policiais paulistas. Parte das autoridades convive com a criminalidade

Em matéria de capa, o jornal Folha de S.Paulo informa da suspeita da Polícia Federal com relação a policiais civis lotados nas delegacias de narcóticos (Denarc) e de investigações criminais (Deic). Esses policiais, segundo a matéria, estariam extorquindo traficantes internacionais com atuação em São Paulo, e deles já obtiveram, indevidamente, R$ 3 milhões.
Caso se confirmem as suspeitas, o fato não representa novidade em São Paulo.
O antigo operador em São Paulo do colombiano e potente Cartel do Cale Norte, Juan Carlos Ramirez Abadia, só foi preso por exigência da agência norte-americana Drug Enforcement Administration (DEA). Ele passou anos sem ser molestado e a corromper autoridades.
Quando preso, Abadia declarou que o combate ao narcotráfico em São Paulo só teria seriedade quando o governo do Estado fechasse o Denarc para balanço. Como se sabe, Abadia foi rapidamente entregue aos EUA, sem tempo para indicar os corruptos do Denarc. Com a sua expulsão e entrega à DEA, a apuração morreu. Só para lembrar, a  DEA só revelou onde se encontrava Abadia em São Paulo depois de fechado um acordo informal de que seria rapidamente expulso do Brasil e entregue aos EUA.
Quando da Conferência sobre Crime Organizado realizada em 1994  pelas Naçõe Unidas em Nápolis, o então secretário-geral da ONU observou: “A criminalidade organizada coexiste com o Estado. E parte das autoridades convive com a criminalidade”.
Não precisa ser especialista para saber  do poder corruptor planetário da criminalidade organizada de matriz mafiosa: no planeta, as apreensões de drogas pelas forças de ordem  estão estimadas entre 3% e 5% do ofertado no mercado. Na realidade, nada.
Três dias atrás, logrou-se prender o chefão-camorrista do clã da cidade de Casal di Principe. O “boss” camorrista Michele Zagaria, 53 anos, ficou 15 anos foragido da Justiça e da polícia, sem nunca ter saído de Casal di Príncipe. Por evidente, usava do poder corruptor e da intimidação geradora da denominada “lei do silêncio”.
Vamos aguardar pela conclusão da investigação da Polícia Federal e a eventual expulsão de agentes que extorquiam traficantes internacionais.
Um filósofo italiano contemporâneo observou, com inteiro acerto: “A corrupção é crime gravíssimo porque priva de legitimação as instituições democráticas”.
Wálter Fanganiello Maierovitch

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Treze policiais que revendiam armas a traficantes detidos em operação no Rio de Janeiro

Uma operação da Polícia Federal brasileira iniciada esta madrugada, no Rio de Janeiro, levou à detenção até ao momento de 18 pessoas, das quais 11 polícias militares e dois polícias civis, informou a Secretaria de Segurança do Estado.
A operação tem como objectivo desarticular dois grupos formados por polícias que revendiam a traficantes armamentos apreendidos em incursões da própria polícia em favelas do Rio de Janeiro.
De acordo com a Secretaria de Segurança, as investigações mostraram que as armas apreendidas eram revendidas para criminosos da favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro.
Um ex-militar do Exército, identificado como Asdrúbal Bacon Dias Marques Júnior, foi apontado como o chefe das negociações entre os traficantes e os polícias alegadamente corruptos.
Ao longo das investigações, outras dez pessoas foram detidas em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, munição e tráfico de droga.
Entre os detidos, figura ainda o ex-chefe de segurança da Câmara de Vereadores da cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Até que ponto policiais do Rio estão envolvidos e contaminados pelo crime?

Milton Corrêa da Costa
Em tempos, jamais vistos, onde um tenente-coronel e um tenente da PM do Rio, dois dos 11 acusados da covarde e brutal morte da juíza Patrícia Acioly, estão sendo encaminhados, por determinação judicial, à penitenciárias de segurança máxima, fora das divisas do Estado, mais um lamentável e degradante fato envolve policiais no Rio de Janeiro.
Na terça-feira, 13 agentes do estado, sendo 11 policiais militares e dois civis, foram presos, após longo trabalho de investigação da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, sob a acusação de venda de armas e drogas – algumas apreendidas em operações clandestinas – para o próprio tráfico. Ou seja, forneciam, em troca da propina, armas ao inimigo traficante para matassem e ferissem os próprios companheiros de profissão durante as incursões policiais legais.
Estarrece também o fato de que os ‘bandidos policiais’ faziam uso de informantes para que indicassem o local de esconderijo dos materiais do crime e, no caso dos policiais militares, pagariam propina (R$ 50,00) a oficiais de serviço para que fossem liberados de seus postos, além de certa quantia, entregue junto à reserva de armamento, para que pudessem permanecer com as armas da corporação enquanto fossem, ‘presumivelmente imunes à suspeitas’, delinquir da forma como melhor lhes conviessse. É o que se pode chamar de conluio quase que perfeito entre agentes do estado para a prática ‘oficializada’ de crime. Inacreditável e preocupante, uma vez que envolve policiais de diferentes regiões e unidades policiais, fato que pode demonstrar o grau de extensão (alastramento) da contaminação do crime envolvendo o aparelho policial do Estado.
Se somarmos o presente e lamentável fato a outros recentemente ocorridos, que envolvem policiais do Rio, a exemplo do policial militar (alega em sua defesa encontrar-se em estado etílico) acusado de assalto à mão armada no centro do Rio, acrescido ao caso do capitão agressor, no interior de uma boate da Ilha do Governador, e do desaparecimento de um cidadão na Cidade de Deus, onde dois PMs de uma guarnição policial são os principais suspeitos, além da execução sumária (três tiros de fuzil) de um eletricista na Baixada Fluminense (o corpo carbonizado e o carro incendiado apareceram posteriormente), onde são acusados dois policiais de serviço ( um deles foi o autor dos disparos), chegamos à conclusão que há algo de muito podre no ‘Reino da Dinamarca’.
Ainda que tais fatos, estatisticamente, envolvam uma minoria de agentes do estado, num efetivo ativo de aproximadamente 60 mil homens entre policiais civis e militares e somente a PM, neste ano, já excluiu 143 policiais ( a previsão até o final do ano pode chegar a 170), o dobro do número de excluídos em 2010 (85), tais fatos são extremamente preocupantes para os que detêm as funções de comando e direção no organismo policial do Rio.
Até que ponto agentes do estado, que têm a missão de defesa da sociedade, estão envolvidos com o crime? Qual é o grau de contaminação real da polícia do Rio com o banditismo? O que leva um oficial, com a patente de capitão, como no caso da boate da Ilha do Governador, com curso de formação de três anos, doutrinado para as funções de comando e liderança, para dar o exemplo, comportar-se prepotentemente, como autêntico vândalo, num ato de extrema covardia contra um jovem caído e indefeso, como mostram as câmeras de circuito interno, onde os agressores parecem ter a convicção da lei do mais forte, da supremacia da carteira policial e da impunidade? E o processo de formação do policial militar? Tem falhado em que aspectos?
Não há dúvida, pois, da necessidade premente de especialistas do tema repensarem a abordagem sobre os fatores comportamentais que conduzem o homem-policial a ser dominado pela fraqueza moral, pelo desvio de conduta, pelo desequilíbrio e pela agressividade extrema. Há perguntas que precisam se respondidas antes que seja tarde e a rotina do mau comportamento e do mau exemplo se alastre ainda mais.
Que perfil profissiográfico desejamos para o profissional de polícia? Que tipo de abordagem psicopedagógica (que idéia-força; que valores) deve ser empregada nos cursos de formação e aperfeiçoamento de policiais que possam introjetar no profissional de polícia a necessidade do comportamento moral e ético ilibados, tornando o homem cada vez mais imune à fraqueza moral da corrupção e de outros desvios de conduta? É possível, através de estratégia pedagógica específica, alcançar tal objetivo?
É o que o comando das polícias e os estudiosos e profissionais do ramo do estudo da psicologia e da pedagogia precisam descobrir. A sociedade quer e precisa acreditar na sua polícia, mormente num momento tão promissor para o Rio com o inovador e criativo modelo das Unidades de Polícia Pacificadora. O processo de contaminação da polícia do Rio preocupa sobremodo e deve ser estudado. Com a palavra os ‘policiólogos’ de plantão.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Agentes penitenciários são presos tentando levar drogas para o Complexo Penitenciário de Bangu

POR MARCELLO VICTOR - http://odia.ig.com.br
Rio - Agentes da Superintendência de Inteligência do Sistema Penitenciário (Sispen) da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) em conjunto com o Ministério Publico da 21ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) prenderam quatro pessoas e apreenderam grande quantidade de drogas na Vila Kennedy, Zona Oeste, na madrugada desta quarta-feira. Entre os presos estão dois inspetores penitenciários da própria Seap. O material seria uma entrega que entraria durante o dia no Complexo Penitenciário de Bangu.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
As prisões ocorreram após investigação dos dois órgãos que apurava o envolvimento de inspetores penitenciários com o tráfico de drogas. Os agentes da Seap receberam a informação de que os colegas Raphael Alves Teixeira e Leonardo Gomes de Pinho Dias estariam por volta de meia-noite em um carro preto na Vila Kennedy.
Na Rua Cupertino Marques, na Favela da Metral, eles conseguiram prender Viviane Santos Gonçalves da Silva e Paulo Marcos Almeida de Castro, no Focus preto placa DPR-3822. Os dois inspetores também foram presos no local. Houve troca de tiros. Policiais do Posto de Policiamento Comunitário (PPC) da Vila Kennedy deram apoio aos agentes.
Foram apreendidos cerca de 70 quilos de cocaína e 10 de maconha, 382 chips de telefones celulares e vários aparelhos, aparelhos de DVD e de video games, CDs de jogos eletrônicos, material para refino e endolação de drogas e uma balança de precisão, além de uma pistola calibre 45 com 22 munições intactas. A 'encomenda' seria entregue a presos de Bangu.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
De acordo com os agentes, as investigações sobre a participação dos inspetores da Seap foi comprovada através de escutas telefônicas autorizadas pela justiça e de gravações. A entrada do material apreendido no presídio envolveria também um esquema de corrupção que está sendo investigado.
Segundo o delegado adjunto da 33ª DP (Realengo), central de flagrantes da região, Luís Henrique Cruz, os presos foram autuados por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas. A pena máxima para o primeiro crime é de 15 anos de prisão.
O secretário da Seap, coronel César Rubens Monteiro de Carvalho, concederá uma entrevista coletiva nesta quarta-feira para dar mais detalhes sobre as investigações e a operação.