domingo, 30 de outubro de 2011

Operação prende 23 policiais militares por corrupção em MS

Detalhes de como funcionava o esquema foram explicadas pelo Gaeco em entrevista coletiva (Foto: João Garrigó)
Apontados como parte de uma quadrilha que facilitava o contrabando de mercadorias, 23 policiais militares foram presos em Mato Grosso do Sul. Dois continuam foragidos.
Oito PMs foram presos na operação Holambra, na segunda-feira, com outras 13 pessoas. Em continuidade, teve início à operação "Fumus Malus" (Fumo do Mal) responsável pela prisão dos outros policiais.
Nas duas operações, foram cumpridos 31 mandatos de prisão. Cinco pessoas estão foragidas. Os PMs suspeitos estão no Presídio Militar de Campo Grande.
Todos os policiais envolvidos são do 12º Pelotão da Polícia Militar de Naviraí. Não está descartada a possibilidade de envolvimento de mais policiais e nem de oficiais.
Além dessas prisões, foram cumpridos 60 mandados de busca e apreensão domiciliar. Veículos usados no contrabando foram apreendidos, contas bancárias sequestradas.
A operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) foi feita em parceria com a Polícia Federal, Receita Federal e a própria Polícia Militar.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, no MPE (Ministério Público Estadual), a promotora do Gaeco Jiskia Sandri Trentin explicou como funcionava o esquema em que policiais militares recebiam propina para facilitar o contrabando.
Os policiais corruptos atuavam em dois grupos, em Sidrolândia. Um cuidava só de contrabando de cigarro. O outro, de outros tipos de contrabando, como pneus e roupas falsificadas. Todas as mercadorias vinham ilegalmente do Paraguai.
As propinas não seguiam uma tabela e oscilavam muito conforme o policial corrupto. Alguns corruptores eram mensalistas, outros negociavam de acordo com a quantidade e tipo de carga que iria passar pela fiscalização.
No trecho da fronteira a Campo Grande, o contrabando era feito em carros de passeio. Os contrabandistas contavam com olheiros com a missão de ver quem estava no posto e verificar se era o policial corrupto. Na Capital, a mercadoria passava para carretas e o carregamento seguia para estados vizinhos.
Já na Região Sul do Estado, além de receberem propinas, os policiais também estorquiam os contrabandistas exigindo o pagamento para a liberação de carregamentos retidos.
Há ainda a suspeita de que um PM agia como batedor e que outro também fazia contrabando de mercadorias vindas do Paraguai.
O Gaeco acredita que os contrabandistas agiam há seis ou sete anos, mas as investigações só começaram há um ano, a partir de denúncias feitas por duas adolescentes na região Sul do Estado.
Em Sidrolândia, a denúncia encaminhada ao Gaeco foi feita há nove meses pela promotora de Justiça Paula Volpe.
O Gaeco ainda apura o volume de contrabando que deu entrada no País por meio do esquema e o aumento de patrimônio dos policiais. Não há estimativa de quanto foi perdido de arrecadação com os crimes.
A Receita acredita que R$ 3 bilhões deixam de ser arrecadados no País por conta de contrabandos.
A promotora Jiskia Sandri Trentin acredita que com as prisões dos PMs haverá uma queda no contrabando porque "tiraram policiais corruptos e colocaram gente honesta que não vai permitir essa situação".
"Eles eram agentes públicos que não tinham a menor condição de servir a população", afirmou. "O contrabando é tão forte e tão peculiar em razão da conivência de agentes públicos que recebem propina", resumiu a promotora.
Além de Mato Grosso do Sul, a operação contra o contrabando foi feita em Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás e Amapá por determinação do Conselho Nacional dos Procuradores de Justiça.
Os policiais vão ser denunciados por corrupção passiva, concussão e formação de quadrilha. As investigações deverão ser concluídas em um período de 15 a 30 dias.
Comandante da PM, Coronel Carlos Alberto David dos Santos afirmou que todos os policiais presos serão avaliados pelo conselho de disciplina para verificar se têm ou não condições de continuar na corporação.
Ele afirmou que em 30 dias será apurada a participação dos PMs, mas já garante que "se o policial tiver participação nos crimes será excluído".

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dicas para combater a corrupção policial - Vamos ajudar a limpar a PM dos maus policiais


Não será novidade se a Corregedoria da PM também for corrupta, mas não custa fazermos a nossa parte. 

“Por mais certo que esteja o sujeito ninguém gosta de ser abordado pela polícia, instado a se identificar e provar que é trabalhador e não tem qualquer conexão com o crime ou a prática de infração de trânsito. É da natureza do ser humano não querer ser alvo do controle e da suspeição de ninguém. Mas agora, com o novo comando da Polícia Militar do Rio, chegou a vez de os próprios policiais ficarem no lugar de quem é vigiado. Vão passar de caçadores a caça. Vai ser PM dando blitz em PM. A medida foi anunciada ontem pelo novo comandante-geral da PM, coronel Erir Costa Filho, que tem carta branca do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para dar um choque de ordem na Polícia Militar. A Corregedoria da PM vai dar incertas nas ruas para ver como estão se comportando os policiais. O melhor de tudo é que o coronel Costa Filho — um oficial com ficha-limpa, do tipo Omo total — promete que agora o controle será de cima pra baixo.
Ttudo indica que acabou a era de compadrio na PM — que foi estimulada pelo ex-comandante, coronel Mário Sérgio, a ponto de ter mantido na cúpula um tenente-coronel acusado de ser o mentor do assassinato da juíza Patrícia Acioli. O relatório do inquérito da Divisão de Homicídios sobre o crime, concluído ontem, diz com todas as letras que o tenente-coronel Cláudio — que, segundo depoimento de réus confessos do crime, estimulou a eliminação da magistrada — era amigo pessoal do coronel Mário Sérgio. A amizade custou a exoneração do coronel Mário Sérgio e uma mancha em sua até então impecável carreira policial. Até agora o coronel Mário Sérgio não se pronunciou adequadamente sobre a denúncia feita por um promotor, de que o oficial da PM transferiu dois policiais que faziam a escolta da juíza, colaborando com a quadrilha do coronel Cláudio, infiltrada no 7°BPM.
Como este blog revelou esta semana agora a Secretaria de Segurança e a PM vai exigir ficha-limpa dos comandantes. Devia ter sido assim desde o início, mas não podemos esquecer que a PM nasceu como a polícia de D. João VI, para servir o rei de Portugal e não o povo brasileiro, como costuma dizer o secretário José Mariano Beltrame. A medida de endurecer a corregedoria não é inédita, mas acho que dessa vez a sociedade deveria colaborar.
Antes que se comece a dizer “vamos esperar para ver se o novo comandante” vai mesmo combater o crime dentro de sua corporação, conclamo a todos os cidadãos de bem a se unirem nessa cruzada. Basta um pouco de coragem, muito cuidado e atenção ao que se vê nas ruas, se ouve de colegas e parentes e se sabe nos bastidores. Vamos ajudar a limpar a PM dos malfeitores e facínoras. Polícia não é lugar de bandido. A ideia é simples e faz parte de um movimento que vem crescendo na luta contra a corrupção no país. Só que diferentemente da mobilização que está nas ruas, a luta contra os desvios de conduta na PM precisa que o cidadão de bem haja na surdina. Seja empregando o Disque-Denúncia (2253-1177), que recebe muita informação útil de crimes dentro das polícias. Seja entrando em contato diretamente com a Corregedoria da PM.
Segue uma lista de situações que podem resultar em denúncias contra policiais militares (depois faremos a mesma campanha para a Polícia Civil e a Polícia Federal).
1) Aprenda a memorizar nomes dos PMs exibidos nos uniformes, assim como números dos carros e as unidades a que pertencem.
2) Preste bastante atenção aos locais dos delitos ou má conduta dos policiais porque isso será determinante para saber em que unidade eles são lotados.
3) Repare na atuação suspeita de policiais que fazem blitzes clandestinas. Eles podem estar cobrando propinas de motoristas e motociclistas em situação irregular.
4) Esteja atento a policiais em carros circulando em locais onde há pontos de jogo de bicho e os contraventores não são incomodados. É bem provável que aquela equipe receba propina para liberar o funcionamento do jogo.
5) Atenção à presença de policiais militares em bares onde há grande concentração de maquinhas de caça-níqueis. É possível que esse agente esteja à serviço de máfias de caça-níqueis.
6) Observe a atuação de PMs em terminais rodoviários e pontos clandestinos de vans e transporte alternativo pirata. Eles podem ser os donos do negócio ilegal.
7) Não faça vista grossa para policiais dormindo ou namorando em serviço. Eles são pagos (ainda que mal pagos) para ficar atentos à movimentação de todas as pessoas. Um descuido deles pode ser fatal.
8) Não compactue em hipótese alguma com irregularidades praticadas por policiais, mas nunca sinalize que você vai denunciar alguma coisa para ninguém. Um policial que age com violência contra algum suspeito pode ganhar carta branca para agir assim com todos, inclusive os que não são suspeitos de nada.
9) Se você observou algum sinal exterior de riqueza de policial (moradia, carros, barcos, joias, relógios caros incompatíveis com o nível salarial dele), comunique o caso à Corregedoria mantendo sempre seu anonimato. Por questão de segurança, use sempre telefone público longe de sua casa ou trabalho e envie emails somente de lan-houses onde não tenha sido identificado. O segredo do sucesso da boa denúncia é o anonimato. Devemos confiar na polícia mas sempre com todo cuidado.
10) Não compactue jamais com a corrupção policial em hipótese alguma.
Seria óbvio eu dizer que os policiais honestos deveriam ser os primeiros a constatar isso, mas o comodismo e o medo é grande até mesmo dentro da Polícia Militar.
ANOTE OS TELEFONES DA CORREGEDORIA INTERNA DA POLÍCIA MILITAR DO RIO
Corregedoria da Polícia Militar
Rua Oliveira Botelho nº 1677 – S. Gonçalo – CEP 24.425-000
Tel.: (21) 2725-9159 / 2725-9094 (2ª à 6ª de 09:00 às 17:00 horas)
Centrais de Atendimento
Zona Norte – Rua Santa Fé, 26 – Méier – Tel.: (21) 2332-2341 (24 horas)
Zona Oeste – Rua Marechal Fontenelle, 2906 – Sulacap – Tel.: (21) 2333-6007 (24 horas)
Baixada – Rua Moçambique, 18 – Nova Iguaçu – Tel.: (21) 3101-9319 (24 horas)
Interior – Rua Feliciano Sodré, 190 – Niterói – Tel.: (21) 2717-6798 (24 horas)”

E: http://acordaniteroi.org

domingo, 2 de outubro de 2011

Morte de juíza: depoimento complica ainda mais a situação de tenente-coronel


Foto: Reprodução Facebook
Patrícia Acioli tinha 47 anos e foi morta quando chegava em sua casa, em Niterói
Mais um cabo da PM acusado de participar damorte da juíza Patrícia Acioli reforçou a acusação de que o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, de 46 anos, ex-comandante dos batalhões de São Gonçalo e da Maré, foi o mandante do crime.
O cabo afirmou que o comandante Cláudio de Oliveira teria dito que a execução de Patrícia "seria um grande favor".
A primeira denúncia contra o oficial foi feita por outro PM acusado pelo homicídio. Ambos apresentaram as informações em troca da delação premiada - tentativa de obter redução de pena.
O PM revelou que além da magistrada o grupo também tramava a morte de um inspetor da Polícia Civil lotado no setor de homicídios da 72ª DP (Mutuá), em São Gonçalo.
Na avaliação dos PMs, o inspetor "distorcia" os registros de auto de resistência feitos por eles e, por conta disso, deveria "levar um rodo" (morrer). O cabo acrescentou que durante uma conversa com o tenente Daniel dos Santos Benitez, de 27 anos, o tenente-coronel Cláudio teria afirmado: "covardia se combate com covardia".
O depoimento, que durou cerca de duas horas, foi prestado nesta sexta-feira (30) ao juiz Peterson Barroso Simão, da 3ª Vara Criminal de Niterói.
Ainda nesta sexta-feira, o soldado da Polícia Militar Handerson Lents Henriques da Silva, de 27 anos,admitiu ter "confirmado" a policiais acusados de envolvimento no crime o endereço da magistrada. Ele, no entanto, afirmou desconhecer a intenção de matar a juíza e alegou inocência.
Benitez, que também está preso, comandava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do batalhão de São Gonçalo e é apontado como o braço-direito do tenente-coronel Cláudio Luiza Silva de Oliveira. Na terça-feira (27), o delegado Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro, afirmou que a magistrada "estava no encalço" do tenente-coronel, por indícios de corrupção e execuções de pessoas.
"Vontade de matar juíza era quase obsessão"
O delator afirmou que "a vontade de Benitez de matar a juíza era quase uma obsessão". Segundo o PM, por conta disso o tenente passou a dormir no batalhão e a insistir "constantemente com seus colegas de equipe que a empreitada fosse realizada".
Inicialmente, ainda de acordo com o relato do cabo, Benitez pretendia contratar "a milícia do Rio de Janeiro" para matar a juíza. Porém, segundo o PM, ele fora censurado pelo tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira que teria dito que "se tivesse de fazer era para fazer com mais um, porque com mais de dois passaria a não ser segredo".
O cabo ainda acrescentou que após ser preso Benitez teria confessado o crime ao tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira em uma das 13 visitas que o ex-comandante fez ao subordinado antes de serpreso como mandante do crime.
Foto: Domingos Peixoto / Agência O GloboAmpliar
Tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira chega para prestar depoimento na Divisão de Homicídios
Três promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro acompanharam o depoimento do cabo nesta sexta-feira. Rubens Vianna, Leandro Navega, Claucio Cardoso e Daniel Faria Braz, afirmaram que não têm dúvidas de que o tenente-coronel participou do crime, concordando com a execução.
No relato à Justiça nesta sexta-feira, o policial confessou que, como investigava a juíza Patrícia, cada policial do GAT recebia semanalmente propina de aproximadamente R$ 10 mil e R$ 12 mil.
O dinheiro tinha origem nas apreensão de drogas e dinheiro que o tráfico movimenta em favelas de São Gonçalo (conhecido como expólio de guerra).
Quando a arrecadação era grande, segundo o PM, o tenente Benitez reservava uma parte do lucro para o tenente-coronel Cláudio.
Por conta das investigações da juíza, o policial ainda afirmou que o grupo tentara matar Patrícia outras duas vezes. A magistrada já havia determinado que o tenente-coronel mantivesse fora das ruas PMs envolvidos em autos de resistência. Segundo o cabo, Cláudio não gostava da juíza e chegou a dizer que se suas ordens não fossem apresentadas por escrito, "ele não cumpria".
Antes de ser executada com 21 tiros, a juíza Patrícia determinara a prisão de PMs suspeitos de um homicídio contra um jovem de 18 anos identificado como Diego da Conceição de Beline, no dia 5 de julho no Complexo de Favelas do Salgueiro, em São Gonçalo. O crime foi registrado como auto de resistência, mas testemunhas afirmaram que foi execução.
Dois dos acusados já estavam presos temporariamente desde junho. Os demais estavam junto deles no dia do crime, mas não teriam participado diretamente da ação. Entretanto, eles são acusados de outros homicídios que também foram registrados como autos de resistência ou há testemunhas com receio deles.
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Sinais de riqueza de policiais serão investigados no Rio de Janeiro




O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou na quinta-feira, 29, que policiais militares passarão a ser investigados quanto a sinais aparentes de riqueza. O objetivo é combater casos de corrupção na tropa, verificando se a renda do policial é compatível com o padrão de vida que ele ostenta.
     “Essa questão dos sinais aparentes de riqueza, nós estamos terminando uma resolução nesse sentido, para que possamos iniciar a possibilidade de trabalhar em cima disso”, disse o secretário, durante a apresentação do novo comandante da Polícia Militar, coronel Erir Costa Filho, que assumiu no lugar do coronel Mário Sergio Duarte.
     Beltrame disse ainda que a política de segurança do governo estadual terá continuidade, nada será alterado. “Eu sei do tamanho da missão. Botar a cabeça em baixo da mesa e não fazer nada não é o meu perfil. Não estou aqui de passeio. Nem para ser mercador de ilusões. Estamos aqui para fazer um trabalho e acreditamos piamente no que fazemos.”
     Recentemente, policiais que trabalhavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Fallet e Fogueteiro, na zona norte, foram flagrados com R$ 13 mil em dinheiro proveniente de propinas pagas pelos traficantes. Nas investigações feitas no 7º Batalhão de Polícia Militar de São Gonçalo, como parte do inquérito sobre a morte da juíza Patrícia Acioli, também foram descobertas ações ilegais das equipes policiais, na apreensão de mercadorias e no pagamento de dinheiro por traficantes.

sábado, 1 de outubro de 2011

PM é detido no Rio suspeito de extorquir R$ 2 mil de motoqueiro


Um policial militar foi detido nesta quarta-feira (20), no Rio de Janeiro, suspeito de extorquir R$ 2 mil de um motociclista no bairro de Anchieta, na zona norte. Um ex-PM que o acompanhava também foi detido.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o motociclista denunciou o PM à Corregedoria Geral Unificada (CGU). Ele disse que foi abordado pelo policial em uma blitz e estava sem a carteira de habilitação. Com isso, o PM teria exigido R$ 2.000, um relógio e a própria moto da vítima para não levá-la para a delegacia.
Na tarde de hoje, o homem marcou um encontro com o PM para providenciar a transferência da documentação da motocicleta e os agentes da CGU flagraram o policial. Ele presta depoimento na delegacia de Ricardo de Albuquerque (31ª DP).
De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, se ficar PM preso, ele será encaminhado para o BEP (Batalhão Especial Prisional).